Os impactos socioambientais e na saúde decorrente da cadeia produtiva do Etanol no centro-oeste do Brasil

Os impactos do processamento de cana-de-açúcar no Brasil concentram-se nas dimensões socioambientais e de saúde, entre os oito principais Estados produtores de etanol, três situam-se na macrorregião Centro-Oeste. Objetivou-se analisar os impactos positivos e negativos da cadeia produtiva do etanol em municípios da macrorregião Centro-Oeste do Brasil. Trata-se de um estudo qualiquantitativo que combina a percepção de atores sociais aos indicadores de renda, educação, saúde e ambiente. Utilizou-se estimativas de Material Particulado (PM2,5) e rendimento de cana-de-açúcar, bem como, de internações por doenças respiratórias em menores de 5 anos e maiores de 60 anos e agressões nos municípios dos estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás. Na percepção, a poluição do ar e problemas respiratórios, assim como a sazonalidade do desemprego e a violência nos períodos iniciais e finais do ano destacaram-se como impactos socioambientais. A estimação de internações por doenças respiratórias em crianças mostrou elevadas taxas no grupo de municípios com alto rendimento da cana-de-açúcar e elevadas exposição ao PM2.5. Para as agressões, as taxas foram mais elevadas entre os municípios com estratificações de médio e alto rendimento de cana-de-açúcar e menores valores dos índices de emprego e escolaridade. Conclui-se que os impactos negativos decorrentes da cadeia produtiva do etanol são a poluição do ar, desemprego e baixa escolaridade que provocam efeitos na saúde respiratória infantil e perfil de violência nos municípios.