Fertilizantes organominerais à base de resíduos do beneficiamento de carvão e da agroindústria: uma análise preliminar

Este estudo fundamenta-se na hipótese de que algumas frações residuais do beneficiamento do carvão “run-of-mine” (ROM) da Bacia Carbonífera Catarinense apresentam potencialidade como resíduo candidato para a produção de fertilizantes organominerais (produto candidato). Tem como objetivo avaliar o potencial da fração residual gerada nas diversas etapas do processamento do carvão ROM, para a composição de fertilizantes organominerais, como forma de valorização de resíduos. A amostragem foi concentrada na fração inorgânica do carvão ROM, que atualmente é destinada em sua maior parte à depósitos tabulares controlados e resultou em 24 amostras identificadas por sequencia alfanumérica A1 a F6. Seguimos a sistemática de Classificação, Potencialidade, Quantidade/viabilidade e Aplicação (CPQvA), para avaliar a potencialidade dos resíduos para a produção de fertilizantes organominerais. As amostras dos resíduos foram classificadas (C) conforme sua periculosidade. O potencial de uso (P) teve por base a composição química das amostras em pó dos resíduos do beneficiamento do carvão ROM, analisada por Espectroscopia de Fluorescência (FRX), pH (coleta e estoque), Perda ao Fogo (% PF) e formas de enxofre (S) e, composição mineralógica, determinada por Difratometria de Raios X (DRX). Os dados relativos às quantidades/viabilidade (Qv) foram obtidos da literatura científica. Para a aplicação (A), analisamos apenas a nossa própria proposta, ou seja, o aproveitamento dos resíduos do carvão ROM para a produção de fertilizantes organominerais. A seleção das características químicas específicas dos resíduos se deu com base na Instrução Normativa brasileira no 61 de 08 de julho de 2020. De acordo com a composição química, duas amostras evidenciaram potencial de utilização para a produção de fertilizantes: as amostras A3 e F6. Ambas as amostras evidenciaram valores de pH de estoque neutro (A3 = 7,0 e F6 = 7,1) baixos teores percentuais de Fe2O3 (A3 = 4,2% e F6 = 3,2%) baixos teores de SO3 (A3 = 0,5% e F6 = 1,2%) e baixos teores de S total (St = 1,0%). Estas foram as característica que qualificam as duas amostras como resíduos candidatos a serem utilizadas na composição de fertilizantes organominerais, de acordo com a legislação brasileira. No entanto, como é um estudo exploratório de caráter preliminar deve ser aprofundado, sobretudo com a produção experimental do fertilizante, atividade que será desenvolvida na sequência das pesquisas. Palavras-Chave: Bacia Carbonífera Catarinense, Valorização de resíduos, Economia Circular.