Modelamento biomecânico do quadril: força resultante no acetábulo e força dos abdutores em apoio unipodal

Introdução: o modelamento biomecânico é útil para a compreensão das forças que agem no aparelho locomotor humano. O quadril é uma das estruturas que mais sofrem lesões, especialmente em indivíduos sedentários e idosos. As forças que atuam no quadril variam de maneira significativa a depender do nível de condicionamento, idade e do movimento realizado. Objetivo: construir um modelo biomecânico bidimensional do quadril capaz de mostrar como variam as forças resultantes no plano frontal no acetábulo e a força resultante exercida pelos abdutores, em quatro cenários distintos. Métodos: foram consideradas as forças compressivas nos eixos x e y em relação ao plano frontal que atuam na cabeça do fêmur, o peso corporal, o peso da perna de apoio e a força exercida pelos abdutores do quadril (tensor da fáscia lata, glúteos mínimo e médio). As proporções antropométricas para identificação dos braços de alavanca foram extraídos da literatura científica. Foram aplicadas as condições de equilíbrio de um corpo extenso para obtenção das magnitudes dessas forças em quatro situações distintas. Em três delas se considerou o ângulo da força dos abdutores com a horizontal em 70, 60 e 80 graus. Na quarta condição, foi considerado o ângulo dos abdutores de 70 graus com um acréscimo de 2 centímetros em todos os braços de alavanca. Os dados não apresentaram distribuição gaussiana e, portanto, foi realizada a estatística descritiva e não paramétrica dos mesmos, com p<0,05. Resultados: a força resultante no acetábulo (R) só apresentou diferenças estatisticamente significantes entre a condição R70+ (força resultante no acetábulo para a=70º com acréscimo de 2 cm em todos os braços de alavanca) e R70 (U=3405; p=0,0058) e R80 (U=3292; p=0,000). A força dos abdutores apresentaram diferenças estatisticamente significantes em quatro condições, ou seja, ângulos (a) diferentes com a horizontal têm um impacto importante na força estabilizadora durante o apoio unipodal. Conclusão: O modelo proposto permitiu uma melhor compreensão de aspectos biomecânicos determinantes da estabilização do quadril em diferentes situações de equilíbrio unipodal, corroborando estudos realizados por outros pesquisadores.