Resistência cruzada antimicrobiana entre isolados clínicos de pseudomonas aeruginosa recuperados de trato respiratório inferior - smart brasil 2018-2021

Introdução: Pseudomonas aeruginosa com resistência a carbapenêmicos é um patógeno considerado prioritário (nível crítico) pela Organização Mundial da Saúde para o desenvolvimento de novos antimicrobianos. A resistência a antimicrobianos é um problema de saúde pública crescente no Brasil, principalmente entre pacientes de unidades de terapia intensiva (UTI), se correlacionando a maior risco de mortalidade. Objetivos: Comparar a atividade de ceftolozana/tazobactam (C/T), ceftazidima/avibactam (CAZ/AVI), piperacilina/tazobactam (P/T) e meropeném (MEM) entre isolados de P. aeruginosa coletados no Brasil entre 2018 a 2021, como parte do programa de vigilância global SMART (Study for Monitoring Antimicrobial Resistance Trends). Métodos: Isolados clínicos de P. aeruginosa coletados em 9 centros do Brasil entre 2018 a 2021 foram analisados quanto à suscetibilidade para C/T, CAZ/AVI, P/T e MEM. Foram incluídos apenas isolados de amostras do trato respiratório inferior e provenientes de pacientes em UTI. A suscetibilidade antimicrobiana foi definada através do EUCAST (European Committee on Antimicrobial Susceptibility Testing) 2023. Foram considerados sensíveis os isolados com sensibilidade e sensibilidade com aumento de exposição (S + SIE), conforme padronizado pelo EUCAST. Resultados: O tamanho total da amostra foi de 268 isolados. Destes, oito isolados (3%) apresentavam produção de carbapenemases. C/T e CAZ-AVI mantiveram sensibilidade acima de 90% entre os isolados (92,9% e 91,4%, respectivamente). MEM e P/T apresentaram suscetibilidade menores que 80%: sendo 77,6% e 69%, respectivamente. Quando analisamos as cepas resistentes a P/T (n = 83), C/T foi o antibiótico com maior suscetibilidade, com 78,3% de sensibilidade; CAZ-AVI e MEM apresentaram suscetibilidade de 72,2% e 50,6%, respectivamente. Ao analisar cepas resistentes a MEM (n = 60), C/T, CAZ/AVI e P/T mantiveram suscetibilidade de 75%, 66,6% e 31,6%, respectivamente. Nas amostras resistentes a P/T e MEM concomitantemente (n = 41), C/T manteve suscetibilidade em 63,4% dos isolados, enquanto CAZ/AVI manteve 51% de sensibilidade. Em isolados resistentes a CAZ/AVI (n = 23), C/T manteve-se ativo em 30,4% das amostras. Conclusão: Dentre os antimicrobianos testados, C/T manteve a maior taxa de suscetibilidade em todos os cenários de cross-resistência testados, posicionando-se como um agente relevante entre as opções para o tratamento de pneumonias, especialmente em UTIs.