Micobiota oral e cloacal de Hemidactylus mabouia (Squamata, Gekkonidae) sinantrópico em borda de remanescente de Mata Atlântica no nordeste do Brasil

Espécies sinantrópicas podem, pela proximidade com o ser humano, dispersar agentes infecciosos. Dentre essas espécies destaca-se o lagarto Hemidactylus mabouia que se adaptou à vida dentro das residências humanas. Como cada animal possui sua microbiota, composta por fungos e bactérias, sua convivência dentro das residências, em contato com utensílios e instrumentos utilizados no cotidiano das pessoas, o torna um potencial vetor de agentes infecciosos. Esse trabalho objetivou investigar a micobiota oral e cloacal de Hemidactylus mabouia sinantrópico, e suas variações em função da estacionalidade e do comprimento rostro cloacal. O estudo foi realizado nos períodos seco e chuvoso do ano de 2018, em uma área domiciliar na região metropolitana do Recife circundada por Mata Atlântica. Swabs oral e cloacal foram utilizados para a coleta da micobiota. A cavidade cloacal apresentou maior número de fungos prevalentes, destacando-se Penicillium spp. e Aspergillus spp., os quais apresentaram prevalências acima de 50%. Mucor spp. e Penicillium spp. tiveram prevalências maiores na estação de chuva. A média da riqueza de fungos foi significativamente superior na cavidade cloacal e não sofreu influência da estacionalidade. É de fundamental importância que ocorram mais estudos envolvendo a micobiota de H. mabouia sinantrópico para se compreender melhor a relação lagarto-fungo-ser humano e, a partir disso, compreender melhor de que forma essa relação pode afetar o ser humano.