Serão os departamentos de radiologia hospitalar potenciais fontes de transmissão de infeções nosocomiais?

Introdução – As infeções nosocomiais são um problema atual de saúde pública no mundo inteiro. A relação entre estas infeções e os departamentos de radiologia está pouco explorada, mas merece uma especial atenção devido à crescente afluência às salas de exames deste serviço. Existe uma grande pertinência em examinar os equipamentos e materiais de apoio usados em radiologia para determinar a sua colonização por agentes patogénicos. A presença destes microorganismos é grave e deve refletir-se na melhoria das práticas de desinfeção levadas a cabo pelos serviços de radiologia. Este trabalho pretende verificar se os equipamentos do departamento de radiologia são potenciais fontes de transmissão de infeções nosocomiais. Métodos – Foram recolhidas 41 amostras de quatro departamentos de radiologia de diferentes hospitais de Lisboa com zaragatoas estéreis. As amostras foram incubadas durante 18h-24h em meio de BHI e, de seguida, semeadas em MacConkey, Cetrimide e Plate Count Agar. Resultados – Nenhuma das amostras apresentou contaminação por bactérias Gram-negativas; no entanto, observou-se contaminação por bactérias Gram-positivas em 78% das culturas. Discussão – A presença de bactérias Gram-positivas demonstra que as práticas de prevenção e controlo de infeção devem ser aprimoradas. Contudo, existe uma eliminação total da contaminação por bactérias Gram-negativas, incluindo patógenos fortemente associados a infeções nosocomiais, como a Pseudomonas aeruginosa e bactérias da família das Enterobactereacea. Conclusões – Não pode ser excluída a hipótese das superfícies dos departamentos de radiologia serem consideradas potenciais fontes de transmissão de infeções nosocomiais, sendo pertinente melhorar as práticas de controlo de infeção de modo a colmatar esta problemática.